sábado, 30 de janeiro de 2010

Jogo por fórum: alternativa, quebra galho ou mais uma forma de jogar?

O PBF (play by fórum) é uma modalidade de RPG que simula o jogo de mesa. É essencialmente igual ao jogo em mesa, mas ao invés de ser falado, as ações, diálogos e testes são escritos por mestres e jogadores em um fórum. A maioria das pessoas sabe que eu sou uma defensora ferrenha dos jogos por fórum. Narro um há mais de 6 anos (quando esse artigo foi escrito), levei os "PBFs" (Play By Forum, como chamávamos na época e a sigla acabou se popularizando) para o agora extinto "Espaço RPG", ajudei a criar o formato de pastas, acessos, etc. 

Enfim, o que eu vi em todos esse tempo que estive envolvida, não apenas mestrando em PBF mas especialmente jogando, é que existe muito preconceito das pessoas com essa fantástica modalidade de jogo. Muito do preconceito é decorrente do medo de experimentar o PBF, ou de ter experimentado um jogo com qualidade duvidosa. Sim, ao mesmo tempo que existem mesas boas e ruins, existem PBFs bons e ruins.

Como é muito fácil criar um jogo por fórum, orkut, msn, muitas vezes pessoas que acabaram de descobrir o RPG se empolgam e criam jogos usando esses meios sem um mínimo de experiência, nem conhecimento de sistema, cenário, nada. As pessoas nem ao menos se dão ao trabalho de xeretar como é um pbf e criam "formas revolucionárias de jogar". Quantas vezes não pipocam em comunidades e blogs anúncios de jogos por fórum, orkut, msn, com esse tipo de propaganda, como se isso fosse a maior novidade da face da Terra? Normalmente esse tipo de chamada é um aviso de que os narradores/mestres não tem muita experiência com esse tipo de jogo. Isso significa que o jogo será ruim? Não necessariamente.

Normalmente as pessoas que criticam o jogo por fórum usam como argumento a falta de rolagem de dados, e dizem que é impossível adotar o sistema de jogo de forma adequada. Isso não é verdade. A maioria dos fóruns preparados para PBF tem rolador de dados incluso (é o caso da Fale RPG, eu mesma narro dois PBFs lá). Mas quando o fórum não tem rolador de dados incluso, os jogadores tem a OBRIGAÇÃO de confiar nas rolagens do mestre. Afinal, quem não confia no mestre não deveria estar jogando, não é mesmo? 

Eu já mestrei PBFs usando os sistemas Storyteller, Daemon e Mutantes & Malfeitores (D20). Jogo PBFs de D&D 3.5, Star Wars Saga, Storyteller. Volto a afirmar: com uma boa organização e um excelente domínio das regras pelo Mestre, é absolutamente viável usar todas as regras do RPG de mesa em um jogo por fórum, sem torná-lo maçante. Nunca me deparei com um mestre experiente que tenha afirmado que esse ou outro sistema com rolagem de dados é impossível de se adotar em um jogo por fórum. Portanto, desconfie de um mestre com esses argumentos. 

Só para exemplificar, algumas coisas agilizam o combate em um PBF: 1 - o mestre rola todas as iniciativas, assim os jogadores já se organizam pra postar na ordem de iniciativa; 2 - os jogadores rolam o ataque e o dano, mesmo sem saber se o ataque atingiu o alvo. Se não atingiu é só ignorar a rolagem de dano; 3 - o mestre pode fornecer um mapinha tosco, feito no paint, para mostrar a localização de todos;

Resolvido esse preconceito sobre a rolagem de dados e utilização do sistema, vamos falar sobre outro ponto: o tempo de jogo. É claro que o jogo por fórum é lento. Cada pessoa possui seu ritmo, mas o mestre não é obrigado a aceitar jogadores que aparecem uma vez por semana se ele programou seu jogo para um mínimo de um post por dia. É só deixar isso bem claro na proposta de jogo, e eliminar, pular turno, postar pelo jogador que não respeitar a frequência mínima de postagens. Rápido, justo e indolor. Na prática, o jogo em mesa não deixa de ocorrer quando um jogador falta, não é? Incorpore isso ao jogo por fórum.

Há quem reclame que o jogo por fórum não permite interação entre os jogadores. Outro argumento de quem não conhece a ferramenta! Os personagens interagem em on, às vezes com uma profundidade maior que nos jogos por mesa, pois há tempo de pensar nas ações. E evitamos as conversinhas paralelas que às vezes acabam com todo o clima. A maioria dos pbfs que eu conheço possui um tópico para as conversas paralelas em off, onde ações são comentadas, piadinhas são feitas, etc., sem que isso interfira no jogo. Isso não é bom?

Também há quem reclame que o jogo por fórum é difícil de entender porque você não está vendo as descrições dadas pelo mestre. Só se o mestre não souber descrever. É muito mais fácil usar figuras, mapas, etc. É muito mais fácil descrever uma expressão facial do personagem do que fazer. O jogo por fórum é uma experiência interpretativa e literária, além de incentivar ainda mais as capacidades de abstrair, de ler e entender, do mestre e dos jogadores. Ora, se a escola não faz o seu papel de ensinar o aluno a ler (no sentido de compreender o que está lendo) e escrever (a capacidade de criar um texto coerente e com sentido), no PBF a pessoa pode treinar essas habilidades.

Concluindo: infelizmente tem muito PBF, PBChat, PBOrkut de qualidade duvidosa por aí. E não, eu não estou dizendo que o RPG escrito substitui a mesa, nem que é melhor que o jogo por mesa. Mas eu posso afirmar que é uma modalidade que, em termos de potencial para utilizar o sistema de jogo e potencial para desenvolver a história, não fica atrás do RPG de mesa. A única desvantagem é que é mais lento, mas para alguns jogadores isso acaba sendo uma vantagem.

Sempre haverá quem não gosta de PBF. Isso eu respeito. Mas não admito argumentos como os desmistificados acima.



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Jogue PBF: 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Quimeras e Híbridos - Raças e monstros plausíveis para o seu jogo de RPG

Em biologia, o termo “Quimera” é empregado para um indivíduo que é decorrente da fusão de dois ou mais óvulos fecundados, ou mesmo da fusão entre um óvulo e dois espermatozóides, ou de um óvulo fecundado e um óvulo estéril.

Logo após essa fusão, entretanto, ao invés de se manterem células com três ou quatro genomas, ocorrem rearranjos nesses genomas, mantendo as células diplóides (ou seja, com apenas duas cópias do genoma). No caso onde ocorre fusão simples de óvulos fecundados em um único embrião, eles apenas começam a se dividir juntos, sem que ocorra mistura genética. Cada grupo de células oriunda de um ovo dará origem a uma parte do indivíduo que irá nascer.


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Devido a um mecanismo chamado Recombinação Genética, um híbrido de duas criaturas que cruze com uma criatura de uma terceira espécie, pode gerar descendentes “meio três coisas”, desde que no cenário de jogo em questão, essa mistura seja possível. Na verdade, como só a metade dos genes do híbrido foi passado para os descendentes, e a recombinação genética é aleatória, esses descendentes terão aproximadamente a seguinte composição genética: 1/4 criatura ao qual sua avó pertencia, 1/4 criatura ao qual seu avô pertencia, 2/4 criatura parental não híbrida (o pai ou a mãe de uma raça ou espécie só).


Gostou dos trechos que leu? Dê um pulinho na Fale RPG, http://www.falerpg.com.br/site/modules/wordpress/?p=67 , e leia o texto completo, escrito por mim com todo carinho.