quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Eu só jogo de...

No título, insira Clã, Classe, Raça, Profissão, ou qualquer coisa que o sistema ou cenário de RPG que você estiver jogando use para "classificar" personagens.

Quem nunca se deparou com essa situação inusitada? O jogo é Vampiro A Máscara, Sabá... aí o jogador espertinho aparece dizendo (na verdade, impondo): Jó jogo se for de Giovanni. E até você explicar pro infeliz que Giovanni não dá, o clima já virou, os ânimos se acentuaram, o que era para ser prazeiroso virou um bate-boca sem sentido.

E o infeliz, para piorar, acha que é certo, que você, narrador ou mestre malvado, tá de implicância, e tem a obrigação de aceitar o personagem dele do jeito que ele quer.

Afinal, o coitado do narrador tem a obrigação de mestrar, né? Tem a obrigação de divertir os outros mesmo que isso signifique que o seu planejamento, a sua dedicação, sua escolha de crônica, de tema, de plot, tenha de ser trocada de uma hora para a outra porque o jogador, aquela criatura cujo umbigo é o centro do mundo, tem seeeempre razão.

Existem várias coisas para se pensar quando isso acontece:

1 - A questão do respeito. Muitas vezes quem pede pra jogar com a raridade ou o personagem que o narrador disse que não podia, por causa do tema da crônica, tá pouco se lixando pro narrador, pra crônica ou os outros jogadores. Ele é egoísta demais para pensar na diversão de todos, e muitas vezes acha que só ele deve se divertir. Mas ele tá errado: se o narrador e os demais jogadores não se divertirem, o jogo será invevitavelmente ruim.

2 - A questão da sua própria diversão. Por mais que o narrador tenha como responsabilidade dar diversão a todos, certos personagens simplesmente não se encaixam. Serão deixados de lado, porque seus objetivos não combinam com o dos demais personagens e suas ações não têm nada a ver com o pliot geral da crônica. Ao invés de se divertir fazendo um personagem diferente, ele acabará marginalizado.

3 - A questão da maturidade. Um jogador tem, é claro, seus tipos de personagens favoritos e aqueles que ele odeia. Mas vejamos o exemplo de Vampiro A Máscara: cada tipo de crônica tem uma quantidade de clãs e linhagens mais apropriada para ele, e ao mesmo tempo suficientemente diversificada para abranger os mais diferentes gostos. Dentro de cada Clã, é possível fazer personagens bem diferentes entre si sem ter de apelar pra algo raro. Quem só gosta de um clã, ou de determinada linhagem, falando seriamente, não tem maturidade pra jogar Vampiro, porque isso é uma prova que o indivíduo não entendeu o jogo. O mesmo se aplica a outros jogos. Será que quem odeia "elfos" em D&D realmente entende os elfos, já leu sobre isso, já tentou se aprofundar? Ou simplesmente odeia porque no auge de sua adolescência ouviu dizer que elfos eram "bichonas"? A maioria das pessoas que odeia determinado tipo de personagem não entende esse tipo de personagem. É muito raro encontrar alguém que odeie com conhecimento de causa.

 

Então, narradores e mestres, não tenham medo de dizer não. Jogador dá em árvore. Narrador tem de se divertir, e mais importante ainda: tem de se valorizar.