sexta-feira, 16 de junho de 2006

PBFs - 2 - Os dez mandamentos do PBF para narradores

1. Defina regras, cumpra-as e exija que os jogadores a cumpram, punindo quem não cumprir.

2. Capriche no cenário. Descreva-o exaustivamente, antes do começo do jogo. Jamais deixe jogadores perdidos com relação ao cenário.

3. Planeje a base da crônica, e informe os jogadores sobre tudo o que eles sabem previamente, ao entrarem na crônica. Não fique mudando coisas à medida que o jogo flui. Faça as ações dos jogadores mudarem o seu cenário, e não o contrário.

4. Não ignore jogadores. Cada jogador tem o direito de jogar tanto quanto o outro. Então, jamais responda novamente um tópico antes de responder todos os tópicos.

5. Se o PBF tem mais de um narrador, a sincronia e contato constante entre ambos é primordial, principalmente com relação ao 3º e 4º mandamentos.

6. Equilibre o jogo, incluindo os poderes de jogadores e NPCs, de acordo com a coerência do cenário, e jamais defina poderes de acordo com o seu grau de amizade com os jogadores.

7. Não mude regras e conceitos do sistema e cenário escolhido (o que está escrito nos livros) a não ser que você explique tudo o que alterou aos jogadores antes do jogo começar. Nesse caso, crie uma área no fórum com as regras da casa.

8. Nenhum narrador é um sabe tudo, muito menos um deus. Admita suas limitações, ouça os jogadores. Geralmente suas reclamações e sugestões são para o bem da crônica.

9. O narrador não deve conduzir a crônica tendo como foco principal os NPCs. A crônica é dos jogadores e os personagens principais da mesma são os personagens de jogadores e não os NPCs. Narrador não joga, conduz a crônica. NPC não joga, interfere nos planos e nas histórias dos personagens de jogador.

10. Não tenha dó de fazer o que deve, não tenha medo de consertar o que está errado. A diversão da maioria deve estar acima da diversão de um jogador.

 

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Sobre o 9º Mandamento, não significa que os NPCs sejam toupeiras sem cérebro nem história própria. Apenas que o narrador não deve de forma alguma endeusá-los, torná-los inacessíveis, e impedir o jogador de fazer qualquer coisa que interfira com os seus NPCs.

Apesar da crônica poder ter como plano de fundo o que os NPCs fazem, os PBFs são a história dos jogadores e não dos NPCs. Assim, os NPCs não devem aparecer mais do que os personagens de jogador. Já vi PBFs em que o personagem principal parecia ser um NPC, e os personagens de jogador pareciam estar num filme pré-determinado, sem a mínima condição de mudar o que ia acontecer com os NPCs queridinhos do narrador.

As coisas que NPC fazem nos bastidores não devem ser roladas, apenas deve ficar subentendido que ele fez determinadas coisas que interferiram de alguma forma no cenário e nos personagens. Em suma, o NPC só aparece quando ele interfere com algum personagem de jogador.

PBFs - 1 - O que é P.B.F? Como criar um? Como jogar?

O P.B.F. (play by fórum) é uma modalidade de RPG que simula o jogo de mesa. É essencialmente igual ao jogo em mesa, mas ao invés de ser falado, as ações, diálogos e testes são escritos por mestres e jogadores em um fórum. Desta forma, diferente do jogo em mesa, o ritmo do P.B.F. depende muito da regularidade e frequência do mestre e dos jogadores, tornando-se bastante lento. No entanto este ritmo, que para muitos à primeira vista é interpretado como uma desvantagem, acaba sendo altamente enriquecedor para o jogo, pois permite que a descrição da cena seja bastante elaborada, que os jogadores pensem um pouco antes de realizar as suas ações, e a descrevam de uma maneira mais rica.



A principal limitação do uso de P.B.F.s é a necessidade de se adaptar algumas regras, especialmente com relação aos testes, pois a grande maioria dos fóruns (principalmente os gratuitos) não disponibiliza ferramentas de rolagem de dados. Dessa forma, é imprescindível que os jogadores confiem no mestre ou narrador, pois será ele que fará todos os testes, utilizando seus dados, ou então algum programinha de rolagem de dados.


Mas como funciona o PBF com relação às cenas e aos cenários? É muito simples. Imagine que o jogo aconteça em uma vila. Existem tópicos para "Taverna do Fulano", "Praça Central", "casa de ciclano", "floresta encantada", etc. Tantos tópicos quanto forem os cenários que o mestre vá utilizar.

A primeira mensagem de cada tópico é a descrição de como é o lugar. Quanto mais detalhada melhor. Figuras são extremamente bem vindas. À medida que surgirem novos lugares, o mestre ou narrador irá criar novos tópicos.

Um dos personagens de jogador está na taverna, interagindo com pcs ou npcs desse lugar. Os posts dele acontecerão no tópico "taverna". O narrador deve postar, quando o personagem de jogador chegar ao tópico da taverna, indicando quantas pessoas há no recinto, como elas são, etc. Exatamente como no RPG de mesa.

Enquanto isso, parte do grupo está enfrentando inimigos na floresta encantada. Eles postarão no tópico "floresta encantada". As duas ou mais cenas acontecem ao mesmo tempo, dando agilidade ao jogo.

Como no RPG de mesa, existem turnos de jogo. Assim, se há numa mesma cena três personagens de jogador, é necessário aguardar que os três postem antes de partir para um novo turno. O mestre ou narrador deve definir a frequência de postagens, assim se um jogador sumir, ele poderá postar pelo personagem desse jogador passado o tempo de espera, sem prejudicar os demais.

Da mesma forma, ele deve tomar cuidado para mater cenas que acontecem ao mesmo tempo em um mesmo ritmo, pois não é raro os personagens voltarem a se encontrar logo mais. Assim, se é hora do almoço em uma cena, deve ser hora do almoço em todas, se é de noite em uma, é de noite em todas. A não ser que o narrador propositalmente esteja rolando cenas que aconteceram no passado. Aí não tem como o personagem daquela cena interagir com os demais.

Acho que o básico está descrito aí. Qualquer dúvida, perguntem!

Active Exploits Diceless Roleplaying

Olá

Estou aqui para falar hoje de um sistema bem simplezinho de RPG sem dados, que pode ser baixado gratuitamente no site da DriveThru:

http://www.drivethrurpg.com/product/2589/Active-Exploits-Diceless-Roleplaying?it=1


Na versão básica do sistema, boa para jogos rápidos ou jogos em PBF, o desafio é baseado na soma dos valores de Habilidades (aptidão, atenção, criatividade e raciocínio) e Perícias (qualquer coisa que possa ser aprendida ou treinada, desde condução até parapsicologia) do personagem.

À soma de valores de Habilidades e Perícias o jogador pode dispender, quando quiser, um de seus pontos de sorte (quantidade limitada, valor máximo 6) para aumentar a sua chance de vencer o desafio. A dificuldade é dada pelo narrador (que no jogo é chamado de diretor, pois o sistema faz referência a personagens atuando em um filme) de acordo com o nível do desafio.

Além disso, o sistema usa Princípios, que descrevem os códigos morais, defeitos e objetivos do personagem. Para fazer algo que seu código moral ou um de seus defeitos não permitiria, o personagem deve dispender um ponto de disciplina (que é a sua medida de convicção ou força de vontade) ou então ganhar um ponto de fadiga (cansaço, que dá redutores nos testes).

Para recuperar a sorte gasta, ele tem de atingir seus objetivos ou interpretar muito bem o personagem (a critério do narrador), enquanto os pontos de disciplina são recuperados automaticamente após uma sessão de jogo. A mecânica de jogo o torna muito mais um jogo de estratégia. Utilize bem os seus pontos de sorte, não faça desafios que você não tem como vencer, tente substituí-los por desafios possíveis de serem vencidos por você.

Desafios e combate são muito simples, comparação das fichas entre si ou comparação da ficha com um nivel de dificuldade dado pelo narrador. Esses graus de dificuldade estão listados no livro, bem como a dificuldade para diversas tarefas, o que dá diretrizes para os narradores.

Tem ainda algumas outras coisinhas na ficha, como os gimmicks (algo como trapaça ou subterfúgio), que servem de tempero pro personagem, e são permitidas ou não a partir da avaliação do prelúdio do mesmo.

Eu só não gostei da forma como se ganha experiência no jogo, mas acredito que isso possa ser mudado.


Além dessa versão básica das regras, que é muito intuitiva e fácil de aprender, o livro traz ainda uma versão avançada, englobando qualquer tipo de cenário e grau de profundidade que se queira dar, além de uma adaptação para live action (que eu particularmente não gostei, acho que para live a melhor versão é a básica).